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A comunicação não violenta, pode ser elitista e inacessível para classes de baixa renda?


A Comunicação Não Violenta (CNV), desenvolvida por Marshall Rosenberg, é uma metodologia que visa promover a empatia e a compreensão em nossas interações diárias. Embora seus princípios sejam universalmente aplicáveis, há uma crescente discussão sobre se a CNV pode, de fato, ser considerada elitista e inacessível para as classes de baixa renda.


A Origem da CNV e Seu Contexto Socioeconômico

A CNV surgiu em um contexto onde o acesso à educação e aos recursos de desenvolvimento pessoal é amplamente mais disponível para as classes médias e altas. Cursos, workshops e materiais relacionados à CNV frequentemente têm um custo significativo, o que pode limitar a participação daqueles que não têm condições financeiras.


A Linguagem da CNV e a Realidade das Classes de Baixa Renda

Os fundamentos da CNV exigem um nível de autoconsciência e vocabulário emocional que pode não ser comum em todos os grupos sociais. Para indivíduos que enfrentam dificuldades econômicas, a prioridade muitas vezes é a sobrevivência diária, e não o desenvolvimento de habilidades de comunicação. A linguagem da CNV pode parecer distante e inacessível para aqueles que não têm a oportunidade de investir em seu próprio desenvolvimento pessoal.


Acesso Limitado a Recursos de CNV

Muitos recursos de CNV, como livros, cursos e treinamentos, estão disponíveis apenas em idiomas e formatos que não são acessíveis a todos. As comunidades de baixa renda frequentemente não têm acesso a esses materiais ou às plataformas onde são distribuídos, perpetuando uma barreira ao aprendizado e à prática da CNV.


Culturalmente Inadequado?

A CNV foi desenvolvida em um contexto cultural específico e pode não ressoar com os valores e normas de todas as comunidades. Em muitos casos, os princípios da CNV podem parecer estranhos ou inadequados para culturas que têm formas de comunicação diferentes e igualmente válidas.


O Papel das Empresas e Treinamentos de CNV

Muitas empresas têm reconhecido os benefícios da CNV e passaram a oferecer treinamentos aos seus colaboradores. No entanto, esses treinamentos frequentemente são direcionados a cargos de gerência e administração, deixando de fora trabalhadores essenciais como faxineiros, porteiros e outros funcionários de base. Esses trabalhadores, que também enfrentam desafios de comunicação em suas funções diárias, raramente têm acesso a esses programas, perpetuando uma desigualdade no desenvolvimento de habilidades interpessoais.


O Papel das Organizações e Iniciativas Locais

Para tornar a CNV mais acessível, é crucial que organizações e iniciativas locais adaptem e disseminem os princípios da CNV de maneira culturalmente relevante e financeiramente acessível. Programas comunitários gratuitos ou de baixo custo, materiais traduzidos e adaptados, e facilitadores que compreendem as realidades das comunidades de baixa renda são passos importantes para democratizar o acesso à CNV.


Conclusão: Caminhos para Inclusão

A CNV tem o potencial de transformar vidas e comunidades, mas é essencial reconhecer suas limitações de acesso e trabalhar para torná-la mais inclusiva. Aqui estão algumas sugestões práticas sobre como a CNV pode ser adequadamente adaptada para beneficiar as classes de baixa renda:

  1. Programas Comunitários Gratuitos ou de Baixo Custo:

    • Incentivar a criação de workshops e cursos de CNV oferecidos por ONGs, escolas públicas e centros comunitários. Esses programas podem ser patrocinados por doações ou financiamentos governamentais para garantir que sejam acessíveis a todos.

  2. Materiais Traduzidos e Adaptados:

    • Traduzir livros, guias e recursos de CNV para múltiplos idiomas e adaptar o conteúdo para ser culturalmente relevante. Simplificar a linguagem para torná-la mais acessível e compreensível para diferentes públicos.

  3. Facilitadores Comunitários:

    • Treinar membros da própria comunidade para atuarem como facilitadores de CNV. Eles podem ser mais eficazes na transmissão dos princípios da CNV, pois compreendem melhor a realidade e os desafios locais.

  4. Plataformas Digitais e Online:

    • Utilizar plataformas digitais e redes sociais para disseminar informações sobre CNV. Vídeos curtos, podcasts e webinars gratuitos podem alcançar um público mais amplo e facilitar o aprendizado.

  5. Parcerias com Instituições Locais:

    • Estabelecer parcerias com escolas, igrejas, centros de saúde e outras instituições locais para integrar a CNV em programas já existentes. Isso pode incluir desde aulas de reforço escolar até grupos de apoio emocional.

  6. Sessões de Apoio em Grupo:

    • Organizar grupos de apoio onde os participantes podem compartilhar suas experiências e aprender uns com os outros. Esses grupos podem servir como espaços seguros para a prática da CNV e o desenvolvimento de habilidades de comunicação.


Mensagem Final

Ao ajustar a linguagem, baixar os custos e adaptar os materiais de acordo com as necessidades das comunidades de baixa renda, podemos garantir que a CNV seja uma ferramenta de empoderamento para todos, independentemente de sua situação econômica. A verdadeira transformação começa quando reconhecemos as barreiras e trabalhamos juntos para derrubá-las. Uma comunidade organizada desempenha um papel crucial nesse processo, pois a união e a colaboração são fundamentais para promover um ambiente de comunicação mais empática e inclusiva para todos.

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